“Arquitetura sustentável: o que é, para que serve e como fazer?”

Por Alessandra Barassi* O significado da palavra sustentabilidade ainda não está muito claro no inconsciente coletivo. Então, para não complicar muito, aí vai a explicação clássica: sustentabilidade = pessoas, planeta e viabilidade econômica! Ao falarmos de arquitetura sustentável, estamos falando daquela que atende as necessidades das pessoas, respeita o planeta e é viável economicamente. Na prática, isso quer dizer que os projetos precisam ser mais inteligentes! Edifícios devem ser confortáveis e causar menos impacto ambiental, além de ter baixos custos de execução e manutenção ao longo de sua vida útil. E para se chegar a projetos inteligentes é necessário adotar o “design integrado”, em que se equacionam vários critérios de sustentabilidade, como orientação solar, ventilação natural, materiais ecológicos, uso eficiente de água e energia, gestão de resíduos, entre outros. Há quem pense que para atender a todos esses critérios seja necessário dispor de muitos recursos. Não necessariamente. Estudos indicam que construções sustentáveis podem custar cerca 5% mais ou até custar menos, se bem projetadas (como visto no GSA LEED Cost Study, de 2004). É possível adotar estratégias passivas, que dispensam equipamentos caros e adotam soluções de desenho ainda no papel. Em tempos de energia cara, uma preocupação corriqueira é o gasto com ar-condicionado, que pode perfeitamente ser minimizado em um bom projeto. Basta orientar as maiores janelas de uma casa para o lado onde o sol nasce e posicionar sanitários, despensas e depósitos no lado poente. Assim, a luz da manhã fica garantida com temperaturas amenas e o calor da tarde não incomoda ambientes de baixa permanência. Um exemplo simples de estratégia passiva, sem custo extra. É claro que, conforme a escala e necessidade de cada projeto, nem sempre será possível adotar apenas estratégias passivas. Em um grande edifício corporativo, com muitas salas de trabalho, é provável que não seja possível posicionar todas as janelas para o nascente. Nesses casos, é preciso lançar mão de estratégias mecânicas de alto desempenho, como um ar condicionado central, para garantir o conforto de todos os colaboradores. Ainda assim, seria eficaz projetar uma proteção externa para as janelas do poente (os brises ou venezianas) para reduzir o calor e a frequência de uso dos condicionadores de ar. Outra estratégia importante é a escolha de materiais ecológicos (não nocivos à saúde e de baixo impacto ambiental). No que se refere a materiais estruturais, é necessário optar por aqueles com baixas emissões de CO² no processo produtivo. A madeira, além de ser renovável, é capaz de estocar CO². No caso das tintas, vernizes e químicos em geral, há no mercado uma série de produtos à base de água, atóxicos e de baixo poder contaminante, sem qualquer custo adicional. Basta prestar atenção e fazer a escolha correta. Optar por sanitários de duplo acionamento, arejadores e restritores de vazão em lavatórios contribui para reduzir cerca de 30% do consumo usual de água. Plantas nativas nos jardins favorecem a biodiversidade e requerem menos irrigação. Assim, para praticar arquitetura sustentável é fundamental entender as edificações como sistemas e pensar os critérios de sustentabilidade de forma integrada. Edifícios compõem bairros, cidades e países! Devem ser entendidos como integrantes do meio ambiente, que além de demandar água, energia e materiais de construção em larga escala, também demandarão infraestrutura, transporte e serviços. Portanto, um projeto sustentável prevê soluções menos impactantes em todo o ciclo de vida do edifício, inclusive o correto descarte ou reciclagem do material empregado. Pensando dessa maneira, cada projetista será também um agente de proteção do nosso planeta. Artigo originalmente publicado no Portal Madeira e Construção. ——- Alessandra Barassi é arquiteta, com mestrado em Projeto e Construção Sustentável e profissional acreditada LEED. Tem mais de 15 anos de atuação no Brasil, Chile e Itália, tendo sido palestrante em eventos e conferências de grande relevância para o setor como a ExpoGBC, Sustencons, Feicon e Morar Mais por Menos, entre outros. Atualmente, presta consultoria em construção sustentável e certificação LEED.
Artigo: Construções em madeira e Mudanças Climáticas

Por Ricardo Russo, Analista de Conservação do WWF-Brasil Há alguns anos, setores da política, da economia e da ciência mundial vêm se debruçando sobre a questão das severas alterações ambientais que ocorrem na Terra e acenam para um desastre ecológico nos próximos anos. Já não se pode discutir se as mudanças climáticas geradas pela emissão de gás carbônico na atmosfera vão ou não acontecer, mas sim quais as providências que teremos de tomar para reduzir os efeitos do aquecimento global provocados por essas emissões sobre o nosso planeta. A construção civil é uma das atividades humanas que mais consome recursos naturais. Estima-se que entre 40% e 75% dos recursos existentes são consumidos por esse setor no mundo. Só no Brasil, a construção gera cerca de 25% do total de resíduos da indústria e 60% do lixo sólido das cidades. Em relação às emissões de carbono, a cadeia produtiva da construção também tem grande peso. Segundo a UNEP (United Nations Environment Programme), as edificações respondem por 40% do consumo global de energia e por até 30% das emissões globais de gases de efeito estufa (GEEs) relacionadas ao consumo de energia. Por outro lado, temos no Brasil, segundo dados veiculados pelo Valor Econômico, em outubro de 2014, um déficit de 6 milhões de moradias, déficit que deverá chegar a 24 milhões em 2014, exigindo um investimento na faixa dos R$76 bilhões ao ano para acompanhar essa demanda por habitações descentes para a população. Dessa forma, a construção civil terá que colocar em sua agenda as mudanças tanto no processo de concepção e implementação de edifícios, bem como na operação desses empreendimentos. A era do desperdício se encerrou. Precisamos evoluir para construções mais limpas, que utilizem matérias-primas renováveis e materiais atóxicos e que, ao mesmo tempo, levem em consideração a gestão de resíduos e a eficiência no uso dos recursos naturais, água e energia, além da urgente redução de emissões de CO2. A opção por sistemas construtivos em madeira, com destaque para aqueles com alta tecnologia embarcada, é a opção que mais responde a essas necessidades. Além dessa capacidade de armazenar o carbono absorvido pela árvore, a madeira é o material com menor energia embutida. Segundo a pesquisadora Christine Laroca, a madeira serrada traz embutida em cada metro cúbico produzido, 350 KWH, ao passo que o cimento embute 1750 KWH por cada metro cúbico. O gráfico abaixo, produzido pela Tecverde apresenta o comparativo de conservação de recursos naturais na comparação de uma obra em woodframe e uma construção em aço. Dessa forma, é preciso romper o preconceito que foi criado em torno das construções de madeira e efetivamente especificar e pedir que seja especificada a madeira em obras públicas e privadas. O WWF produziu uma série de cinco vídeos curtos que respondem, de forma geral, as principais questões sobre o uso da madeira na construção e que se encontram disponíveis em www.wwf.org.br/madeiraelegal. O governo brasileiro apresentou em dezembro de 2008 o Plano Nacional sobre Mudança do Clima em cerimônia no Palácio do Planalto, que visa incentivar o desenvolvimento e aprimoramento de ações de mitigação no Brasil, colaborando com o esforço mundial de redução das emissões de gases de efeito estufa, bem como objetiva a criação de condições internas para lidar com os impactos das mudanças climáticas globais (adaptação). Assumimos compromissos de redução de emissões nas últimas COP’s. A construção civil está no foco e pode dar mais soluções do que imagina; e a adoção de sistemas em madeira pode ser uma das respostas.
Websérie: “Tudo o que você queria saber sobre madeira”

Série de vídeos produzidos pelo WWF-Brasil buscam desmistificar alguns pré-conceitos em relação ao uso sustentável da madeira na construção civil. Por Assessoria de Comunicação Cipem-MT A websérie “Tudo o que você queria saber sobre madeira” é formada por cinco vídeos, voltados ao público não especializado, com o objetivo de esclarecer as vantagens do uso responsável da madeira certificada na construção covil. Os vídeos, produzidos pelo WWF-Brasil, mostram, por exemplo, que utilizar madeiras em obras não é mais caro e que, ao contrário do que a maioria imagina, estruturas de madeira não queimam mais fácil. Utilizada da maneira adequada nos sistemas construtivos, a madeira pode ajudar na gestão e conservação das florestas brasileiras; auxilia na manutenção da biodiversidade; gera benefícios econômicos; e é uma ferramenta de equilíbrio ambiental no combate aos prejuízos causados pelas mudanças climáticas, já que a madeira estoca carbono que seria lançado na atmosfera e agravaria os problemas climáticos existentes hoje. Segundo a U.S. Energy Information Administration (EIA), órgão estadunidense que trata de políticas energéticas, o setor da construção civil, no mundo inteiro, consome cerca de 40% da energia elétrica gerada em todo o planeta. Outros dados estimam que este mesmo setor gera 60% de todo o lixo sólido do mundo e 47% das emissões de gases de efeito estufa da Terra. Diminuir essa demanda de consumo de energia e de geração de lixo e de emissões contribui com a saúde de nosso planeta e com a manutenção da vida na Terra. A madeira reduz o tempo de construção das obras, promove a diminuição de resíduos nos canteiros e dá um efeito visual diferenciado às estruturas que compõe. Ela também é um material mais leve, de fácil manuseio e totalmente reaproveitável. Os vídeos, que disponibilizamos a seguir, podem ser vistos também no recém-lançado site do Programa Madeira Legal , um protocolo de intenções, assinado por 26 instituições do país que busca incentivar o uso da madeira certificada na construção civil brasileira. Confira os vídeos e compartilhe essa ideia! Por que usar madeira na construção civil? É mais caro construir com madeira? Dá pra fazer grandes obras em madeira? Construções de madeira precisam de mais manutenção e pegam fogo mais fácil? Dá pra usar madeira e mesmo assim conservar a Amazônia? Com informações da WWF-Brasil