CRV: aproveitamento de madeira em empresas no Acre chega a 70%

Entidades apresentam estudo comprovando que rendimento de toras no estado é maior do que os 35% estabelecidos pelo Ibama.   Por Sindusmad-AC. No Acre, uma pesquisa com 23 espécies de madeira serrada, realizada em quatro empresas do setor florestal do estado, a fim de definir seus respectivos Coeficientes de Rendimento Volumétrico (CRV), foi protocolada no Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac), na manhã dessa quinta-feira, 6 de abril. O levantamento foi uma iniciativa do Sindicato das Indústrias Madeireiras do Estado do Acre (Sindusmad), em parceria com a Universidade Federal do Acre (Ufac) e a Federação das Indústrias do Acre (FIEAC), com apoio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), do senador Jorge Viana e deputados federais Allan Rick, César Messias e Léo de Brito. A partir desta sexta-feira, 7 de abril, entra em vigor uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) para alteração do CRV no processo de desdobro da tora em madeira serrada para obtenção de produtos florestais, proposta pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente de Recursos Naturais Renováveis (Ibama), reduzindo dos atuais 45% para 35% o índice de aproveitamento. A presidente do Sindusmad e vice-presidente do Fórum Nacional das Atividades de Base Florestal (FNBF), Adelaide de Fátima Oliveira, afirmou que o objetivo do estudo é resgatar a importância das empresas do setor florestal e combater a clandestinidade. “Aqui, no Acre, chegamos a uma média de aproveitamento de 55,6%, sendo que tem madeira que chega a uma eficiência de 70%. A tora pode ser excelente, mas não poderei nem doar, porque não terei liberação do Sistema Documento de Origem Florestal (DOF) para isso, gerando desperdício e degradação ambiental”, completou a empresária. Após avaliação do Imac, o relatório será apresentado em conjunto ao Ibama e ao Ministério Público Estadual (MPE), e validado pelo Conselho Florestal Estadual do Acre (CFE-AC). Ao todo, foram seis meses de pesquisa, cujo objetivo foi atender a resolução do Conama nº 474/2016, que dispõe sobre procedimentos para inspeção de indústrias consumidoras ou transformadoras de produtos e subprodutos florestais madeireiros de origem nativa, bem como os respectivos padrões de nomenclatura e coeficientes de rendimento volumétricos, incluindo carvão vegetal e resíduos de serraria.   Próximos passos Neste primeiro momento, o trabalho foi realizado nas empresas Fox Laminados, Indumag, Madeireira Triângulo e Martins & Rabelo. No entanto, de acordo com Fátima, será estendido às demais empresas a partir de junho. O supervisor de campo e estudante de engenharia florestal da Ufac, Paulo Parente, explicou que o relatório seguiu toda a metodologia proposta pela Resolução. “Fomos às indústrias e fizemos levantamentos de todas as toras que seriam desdobradas, a fim de calcular a média de rendimento. Após isso, todos os dados foram processados e, assim, produzido o material que está sendo entregue aqui no Imac”. O diretor-presidente do Imac, Paulo Viana, informou que o próximo passo será submeter o relatório a uma análise técnica a fim de verificar se poderá se adequar ao rendimento que está sendo proposto. “A resolução atual, que entra em vigor nesta sexta, prevê que de uma tora só pode ser aproveitado 35%. No entanto, o trabalho apresentado está elevando esse rendimento. Então, faremos uma análise se efetivamente poderemos adotar o rendimento volumétrico de toras que nos foi apresentado. Em seguida, esse estudo será encaminhado ao Ministério do Meio Ambiente”, finalizou.

Aumento das construções em madeira na Europa

Por Guilherme Corrêa Stamato Cada vez mais tenho visto notícias positivas sobre o crescimento da fatia de mercado que as construções em madeira têm ganhado em todo o mundo, mas de forma mais acentuada na Europa, onde o wood frame industrializado e principalmente o Cross Laminated Timber (CLT ou X-Lam) vêm crescendo fortemente. Vários são os fatores para isso, entre eles o melhor desempenho térmico, o aumento da eficiência dos métodos de produção e construção e o ganho para o meio ambiente em substituir os materiais de construção convencionais por madeira. De forma geral, esses três fatores somados resultam em uma contribuição muito maior para a sustentabilidade do planeta, pois as edificações são construídas com materiais renováveis, não poluentes e que sequestram carbono, com pouco desperdício de material e de mão de obra, gerando poucos resíduos. Além disso, a eficiência térmica permite a redução do consumo de energia para a manutenção das temperaturas confortáveis na edificação, seja no verão ou no inverno, atingindo os requisitos das chamadas casas “Passivas” (Passivhaus), nas quais o consumo de energia para a subsistência da casa é da ordem de até 15 kWh/(m²a), enquanto as construções convencionais consomem de 200 a 400 kWh/(m²a). Com esse desempenho, a Europa mostra em números que construir com madeira é uma realidade. Na Inglaterra, por exemplo, em 1998 as construções residenciais em madeira representavam apenas 2% das construções novas. Em 2007, eram 15% e, nesse ano de 2017, a expectativa é que atinjam 27%, conforme o The Timber Trends Report, publicado pela Structural Timber Association (STA) da Inglaterra. Na Itália, onde em 1998 essas construções mal apareciam nas estatísticas, em 2009 atingiram praticamente 10% e em 2015, a expectativa era de que 15% das construções residenciais novas fossem em madeira. Na Alemanha, Áustria e Suíça, países que desenvolveram intensamente as tecnologias de industrialização das construções em madeira nos últimos 30 anos, as construções em madeira atingem patamares próximos a 35%. Até mesmo países com pouca tradição nas construções em madeira, como Portugal e Espanha, atualmente apresentam fortes movimentos nesse sentido, aplicando as mais modernas técnicas de fabricação e montagem de edifícios em madeira. Não resta dúvida de que essa não é só uma tendência, é uma evolução significativa dos métodos de construção, que tem mudado inclusive o setor imobiliário, com novos conceitos de vendas de imóveis sendo aplicado nos showrooms de fábricas, bem como no surgimento de “vilas” de casas pré-fabricadas, como a Fertig HausWelt. Enfim, recomendo olhos atentos às novidades que estão borbulhando no Brasil e no mundo sobre as construções em madeira, pois essa evolução está sendo bastante rápida! Fonte: Portal Madeira e Construção

Setor florestal defende que alinhamento de agenda é único caminho para crescimento

Por Assessoria FNBF Representantes dos Estados com potencial florestal se reuniram, durante a posse da nova diretoria do Fórum Nacional das Atividades de Base Florestal (FNBF), em Brasília, para discutir e estimular o alinhamento das agendas positivas no desenvolvimento da indústria florestal brasileira. Segundo o presidente eleito do FNBF, Geraldo Bento, o Fórum irá trabalhar para alinhar as ideias e buscar o incentivo e fomento para que o segmento possa modernizar a indústria de base florestal. “Temos oferta de matéria-prima abundante, um mercado consumidor crescente a nível internacional das nossas madeiras, mas, infelizmente, nosso parque tecnológico está obsoleto e sem tecnologia para produção de novos produtos. Com a implementação e modernização dos Parques Industriais poderemos melhorar e produzir produtos que estão na linha do mercado consumidor”, destacou Bento. O diretor do Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (Cipem), Gleison Tagliari, relatou a necessidade de um programa de conscientização para a utilização da madeira, sendo o produto o único com condições de manter a natureza, a floresta em pé e realizar o sequestro de carbono. “Atingir o mercado consumidor e fomentar o mercado interno são alguns dos principais pontos de discussão das linhas de atuação do Fórum Florestal durante este ano. Isso se faz por meio de uma conscientização para maior utilização da madeira em todos os níveis de produção. Esse é um trabalho de valorização da madeira que deve ser realizado na ponta, junto aos arquitetos, demonstrando que hoje a madeira é um material economicamente viável e que menos produz degradação ambiental”, frisou Tagliari. O presidente da Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira do Estado do Pará (Aimex), Carlos Roberto Vergueiro Pupo, afirmou que o setor padece por ter sua economia gerida por polícia ambiental. “A primeira obrigação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) é de Polícia Ambiental, então, não espera fomento da atividade econômica, até mesmo legislação sobre reflorestamento ou manejo florestal. Não podemos esperar um planejamento de agenda positiva com o Ibama, a política do órgão é de polícia não para o desenvolvimento da atividade florestal”, reforçou Pupo. Segundo Ricardo Russo, especialista de conservação da WWF-Brasil – organização não governamental brasileira dedicada à conservação da natureza-, o desenvolvimento do setor florestal vai além da governança e marco legal, é necessário pensar em industrialização, modernização do parque industrial, adoção de novas tecnologias e capacitar desde o marceneiro até o especialista que faz o corte da madeira. Russo ainda destacou que o caminho é investir na construção civil, trazer a indústria para a Amazônia Legal, pensar na colagem da madeira, material pré-fabricado, gerando bons produtos, maior produtividade, para que retornem com bons empregos e investimentos no local. “Com isso, mudar a realidade de um país exportador de matéria-prima e passar a industrializar e vender produtos prontos e acabados a grandes centros do país bem como fora do Brasil”, pontuou. Mário Cardoso, especialista em Meio Ambiente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), indicou que o setor tem grande potencial para alinhar suas bases de produção para o desenvolvimento da indústria. “O grande desafio hoje é agregar valor à madeira, o Brasil tem um ativo muito importante e estratégico no país, que está sendo visto pelo mundo, a Amazônia. E precisamos aproveitar e otimizar ao máximo o rendimento do produto retirado da floresta, com o processo já realizado e reconhecido pelas autoridades competentes – Manejo Florestal Sustentável. Ele afirmou ainda que a CNI irá utilizar a sua base de representatividade para alinhar os setores produtivos. “Queremos colocar em contato aqueles que exercem a colheita e produção da madeira com os que possam dar destino ao produto retirado da floresta, como construção civil, móveis e imobiliários” concluiu Cardoso.

Setor de base florestal aponta prejuízos e quer alterar resolução do Conama

Empresários do segmento de base florestal querem alteração na Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), que prevê a redução do Coeficiente de Rendimento Volumétrico (CRV) da madeira, a partir de abril. O assunto entrou na pauta da reunião realizada em Brasília, na última quinta-feira (9), entre lideranças da indústria nacional.   O texto da Resolução do Conama nº 474/2016, que trata do Coeficiente de Rendimento Volumétrico (CRV), trata da redução do CRV em 10%, ao passar de 45% para 35%, expõe o presidente do Fórum Nacional de Base Florestal (FNBF), Geraldo Bento. A atualização inviabiliza os desdobramentos da madeira serrada em outros produtos florestais, complementa ele. Segundo Bento, o setor florestal realizou um estudo, a ser apresentado ao MMA e Ibama, que mostra os prejuízos causados ao segmento com a vigência da Resolução. “Inviabiliza economicamente o setor de base florestal”, reclama. O presidente do FNBF menciona que 400 indústrias de 3 estados (Mato Grosso, Acre e Pará) participaram do diagnóstico. O estudo comprova que os índices volumétricos são individuais, de acordo com a tecnologia empregada, mão de obra qualificada e investimentos. “O resultado aponta que o índice é superior a 55%, não tendo motivo para baixar a variação de 10% nas medidas finais dos produtos”, argumenta. Durante a reunião em Brasília, a vice-presidente do FNBF e presidente do Sindicato de Base Florestal do Acre, Adelaide de Fátima Gonçalves de Oliveira, chamou atenção para o problema da presença de madeira ilegal em volumes crescentes em todo o país. “A maior preocupação hoje é a concorrência desleal com o crescimento da ilegalidade daqueles com desvio de conduta, que não tem compromisso com o bom manejo, com a geração de emprego e renda”. Ao atuar na ilegalidade, é possível negociar a madeira com valor menor no mercado. Isso prejudica o empresário que contribui para o desenvolvimento social e econômico do país, que não conseguirá viabilizar seus produtos, afirma ela. “Para resolver essa situação o ideal seria que os órgãos fiscalizadores estudassem mais sobre os produtos florestais. Assim haveria menos madeira apreendida, já que muitas situações de carga retidas ocorrem por falta de conhecimento dos fiscais”. Fonte: Agronotícias MT

“Arquitetura sustentável: o que é, para que serve e como fazer?”

Por Alessandra Barassi* O significado da palavra sustentabilidade ainda não está muito claro no inconsciente coletivo. Então, para não complicar muito, aí vai a explicação clássica: sustentabilidade = pessoas, planeta e viabilidade econômica! Ao falarmos de arquitetura sustentável, estamos falando daquela que atende as necessidades das pessoas, respeita o planeta e é viável economicamente. Na prática, isso quer dizer que os projetos precisam ser mais inteligentes! Edifícios devem ser confortáveis e causar menos impacto ambiental, além de ter baixos custos de execução e manutenção ao longo de sua vida útil. E para se chegar a projetos inteligentes é necessário adotar o “design integrado”, em que se equacionam vários critérios de sustentabilidade, como orientação solar, ventilação natural, materiais ecológicos, uso eficiente de água e energia, gestão de resíduos, entre outros. Há quem pense que para atender a todos esses critérios seja necessário dispor de muitos recursos. Não necessariamente. Estudos indicam que construções sustentáveis podem custar cerca 5% mais ou até custar menos, se bem projetadas (como visto no GSA LEED Cost Study, de 2004). É possível adotar estratégias passivas, que dispensam equipamentos caros e adotam soluções de desenho ainda no papel. Em tempos de energia cara, uma preocupação corriqueira é o gasto com ar-condicionado, que pode perfeitamente ser minimizado em um bom projeto. Basta orientar as maiores janelas de uma casa para o lado onde o sol nasce e posicionar sanitários, despensas e depósitos no lado poente. Assim, a luz da manhã fica garantida com temperaturas amenas e o calor da tarde não incomoda ambientes de baixa permanência. Um exemplo simples de estratégia passiva, sem custo extra. É claro que, conforme a escala e necessidade de cada projeto, nem sempre será possível adotar apenas estratégias passivas. Em um grande edifício corporativo, com muitas salas de trabalho, é provável que não seja possível posicionar todas as janelas para o nascente. Nesses casos, é preciso lançar mão de estratégias mecânicas de alto desempenho, como um ar condicionado central, para garantir o conforto de todos os colaboradores. Ainda assim, seria eficaz projetar uma proteção externa para as janelas do poente (os brises ou venezianas) para reduzir o calor e a frequência de uso dos condicionadores de ar. Outra estratégia importante é a escolha de materiais ecológicos (não nocivos à saúde e de baixo impacto ambiental). No que se refere a materiais estruturais, é necessário optar por aqueles com baixas emissões de CO² no processo produtivo. A madeira, além de ser renovável, é capaz de estocar CO². No caso das tintas, vernizes e químicos em geral, há no mercado uma série de produtos à base de água, atóxicos e de baixo poder contaminante, sem qualquer custo adicional. Basta prestar atenção e fazer a escolha correta. Optar por sanitários de duplo acionamento, arejadores e restritores de vazão em lavatórios contribui para reduzir cerca de 30% do consumo usual de água. Plantas nativas nos jardins favorecem a biodiversidade e requerem menos irrigação. Assim, para praticar arquitetura sustentável é fundamental entender as edificações como sistemas e pensar os critérios de sustentabilidade de forma integrada. Edifícios compõem bairros, cidades e países! Devem ser entendidos como integrantes do meio ambiente, que além de demandar água, energia e materiais de construção em larga escala, também demandarão infraestrutura, transporte e serviços. Portanto, um projeto sustentável prevê soluções menos impactantes em todo o ciclo de vida do edifício, inclusive o correto descarte ou reciclagem do material empregado. Pensando dessa maneira, cada projetista será também um agente de proteção do nosso planeta. Artigo originalmente publicado no Portal Madeira e Construção. ——- Alessandra Barassi é arquiteta, com mestrado em Projeto e Construção Sustentável e profissional acreditada LEED. Tem mais de 15 anos de atuação no Brasil, Chile e Itália, tendo sido palestrante em eventos e conferências de grande relevância para o setor como a ExpoGBC, Sustencons, Feicon e Morar Mais por Menos, entre outros. Atualmente, presta consultoria em construção sustentável e certificação LEED.

Artigo: Construções em madeira e Mudanças Climáticas

Por Ricardo Russo, Analista de Conservação do WWF-Brasil Há alguns anos, setores da política, da economia e da ciência mundial vêm se debruçando sobre a questão das severas alterações ambientais que ocorrem na Terra e acenam para um desastre ecológico nos próximos anos. Já não se pode discutir se as mudanças climáticas geradas pela emissão de gás carbônico na atmosfera vão ou não acontecer, mas sim quais as providências que teremos de tomar para reduzir os efeitos do aquecimento global provocados por essas emissões sobre o nosso planeta. A construção civil é uma das atividades humanas que mais consome recursos naturais. Estima-se que entre 40% e 75% dos recursos existentes são consumidos por esse setor no mundo. Só no Brasil, a construção gera cerca de 25% do total de resíduos da indústria e 60% do lixo sólido das cidades. Em relação às emissões de carbono, a cadeia produtiva da construção também tem grande peso. Segundo a UNEP (United Nations Environment Programme), as edificações respondem por 40% do consumo global de energia e por até 30% das emissões globais de gases de efeito estufa (GEEs) relacionadas ao consumo de energia. Por outro lado, temos no Brasil, segundo dados veiculados pelo Valor Econômico, em outubro de 2014, um déficit de 6 milhões de moradias, déficit que deverá chegar a 24 milhões em 2014, exigindo um investimento na faixa dos R$76 bilhões ao ano para acompanhar essa demanda por habitações descentes para a população. Dessa forma, a construção civil terá que colocar em sua agenda as mudanças tanto no processo de concepção e implementação de edifícios, bem como na operação desses empreendimentos. A era do desperdício se encerrou. Precisamos evoluir para construções mais limpas, que utilizem matérias-primas renováveis e materiais atóxicos e que, ao mesmo tempo, levem em consideração a gestão de resíduos e a eficiência no uso dos recursos naturais, água e energia, além da urgente redução de emissões de CO2. A opção por sistemas construtivos em madeira, com destaque para aqueles com alta tecnologia embarcada, é a opção que mais responde a essas necessidades. Além dessa capacidade de armazenar o carbono absorvido pela árvore, a madeira é o material com menor energia embutida. Segundo a pesquisadora Christine Laroca, a madeira serrada traz embutida em cada metro cúbico produzido, 350 KWH, ao passo que o cimento embute 1750 KWH por cada metro cúbico. O gráfico abaixo, produzido pela Tecverde apresenta o comparativo de conservação de recursos naturais na comparação de uma obra em woodframe e uma construção em aço.   Dessa forma, é preciso romper o preconceito que foi criado em torno das construções de madeira e efetivamente especificar e pedir que seja especificada a madeira em obras públicas e privadas. O WWF produziu uma série de cinco vídeos curtos que respondem, de forma geral, as principais questões sobre o uso da madeira na construção e que se encontram disponíveis em www.wwf.org.br/madeiraelegal. O governo brasileiro apresentou em dezembro de 2008 o Plano Nacional sobre Mudança do Clima em cerimônia no Palácio do Planalto, que visa incentivar o desenvolvimento e aprimoramento de ações de mitigação no Brasil, colaborando com o esforço mundial de redução das emissões de gases de efeito estufa, bem como objetiva a criação de condições internas para lidar com os impactos das mudanças climáticas globais (adaptação). Assumimos compromissos de redução de emissões nas últimas COP’s. A construção civil está no foco e pode dar mais soluções do que imagina; e a adoção de sistemas em madeira pode ser uma das respostas.    

Construção Sustentável no Piauí

Lei estadual estabelece que obras públicas adotem critérios de sustentabilidade ambiental, eficiência energética, qualidade e procedência de materiais. Por Portal Madeira e Construção Teresina (PI)/ Foto: Juscelino Reis A madeira pode ganhar espaço nas obras públicas do Estado do Piauí. Isso porque uma lei, sancionada em outubro pelo governador Welligton Dias, passa a exigir que obras públicas locais adotem medidas sustentáveis na construção civil. De acordo com o texto da lei, o objetivo é assegurar a proteção do meio ambiente. Entre as medidas exigidas, algumas apontam para a possibilidade do uso da madeira nas construções como eficiência energética, conforto e qualidade interna dos ambientes, gestão dos resíduos sólidos, preferência a materiais compostos de substancias não tóxicas, não utilização de insumos que possam poluir o meio ambiente ou cuja produção seja ecologicamente imprópria. A madeira aparece em destaque na lei, quando da definição dos materiais que devem ser empregados. O texto fala no uso de madeiras certificadas (com origem comprovada por meio de certificados emitidos por organismos autorizados) e de florestas plantadas, que apresentem manejo sustentável. O artigo sexto enfatiza que as obras que empreguem madeira somente serão aprovadas se houver a devida comprovação da procedência da matéria-prima. Confira a Lei na íntegra, publicada no dia 20 de outubro: http://www.diariooficial.pi.gov.br/diario.php?dia=20161020

Construções de madeira atingindo novas alturas

Este artigo assinado pela Associação Canadense de Produtos Florestais, pelo Conselho Canadense de Madeira e pela FPInnovations mostra como a corrida para saber qual país construirá o prédio mais alto do mundo pode gerar impactos positivos na comunidades.   Você não vai ler sobre isso na seção de esportes em breve, mas um número de cidades canadenses está competindo em uma corrida global de alto risco que afetará diretamente as pessoas das nossas comunidades. As cidades – incluindo Vancouver, Toronto, Montreal e Quebec – estão competindo em uma corrida incrível contra uma série de cidades ao redor do mundo para construir os edifícios mais altos em madeira. Em Vancouver, por exemplo, um prédio de 18 andares para estudantes na University of D.C já está em construção e, em breve, será um dos mais altos edifícios híbridos de madeira maciça no mundo. Na cidade de Quebec, foi iniciado em meados de junho um condomínio de 13 andares que irá incluir 12 andares de madeira. Não há nenhum mistério nisto. Construtores sempre tiveram grande consideração por produtos de madeira, porque são amplamente disponíveis e de baixo custo, e proporcionam uma construção rápida, além de serem fáceis de usar e duráveis. A procura, é claro, vem crescendo. Mas a sua popularidade tem aumentado nos últimos anos por outras razões. Primeiro de tudo, eles são ótimos para o meio ambiente. Os produtos florestais são, naturalmente, sustentáveis, e árvores atuam como um “vácuo” da natureza, porque absorvem carbono, reduzindo, assim, os gases de efeito-estufa que levam à mudança climática. Árvores, em geral, absorvem mais carbono quando são jovens e em crescimento e se tornam emissores à medida que envelhecem. Porém, quando são transformadas em produtos de madeira, no entanto, o carbono é sequestrado. Em segundo lugar, a inovação no setor dos produtos florestais tem feito da madeira, sempre popular entre os consumidores, ainda mais atraente para os construtores. Uma dessas inovações, a madeira laminada colada (Cross-laminated Timber – CLT) é particularmente importante nesta tendência de grandes edifícios de madeira. CLT é um painel de madeira multicamadas, onde as camadas são empilhadas perpendicularmente e depois coladas em conjunto com prensas hidráulicas ou a vácuo. Da perspectiva de um construtor, o resultado final é um material que é mais rápido e menos oneroso de usar, mais forte, capaz de ser transformado em painéis resistentes ao tempo (não importa o clima), e sustentável. Além de tudo isso, já que eles têm peso e a força do aço, painéis CLT têm se mostrado resistentes tanto ao fogo, quanto a terremotos, tornando esta inovação superior em muitas aplicações para produtos concorrentes. Nenhuma surpresa, então, que não são apenas os construtores e comunidades canadenses que estão começando a despertar para os muitos benefícios da madeira. Em Londres, na Inglaterra, uma torre de madeira de 100 andares foi proposta. Em Estocolmo, um edifício de 40 andares, e novas grandes construções de madeira na Austrália, Áustria, Noruega e os Estados Unidos estão surgindo, só para citar alguns. Mesmo que a maioria das comunidades canadenses ainda não tenha adaptado seus códigos de construção para permitir estruturas de madeira para além de quatro ou seis andares, a madeira está claramente ganhando terreno. Alterações de código que permitam o uso de quadros de madeira e madeira maciça em edifícios de até seis andares de altura, que foram incluídos na versão 2015 do Código de Construção canadense, foram adaptadas e adotadas por Ontário, Quebec e Alberta. British Columbia adotou uma disposição semelhante em seu código de construção em 2009. Alterações dos códigos de construção nacionais para edifícios de madeira de até 12 andares, envolvendo o uso de madeira maciça, foram propostos pelo Conselho de Madeira do Canadá. Quebec tem liderado o caminho sobre este assunto a partir do desenvolvimento de um código alternativo para estes tipos de edifícios. Assim, a madeira está atingindo novos patamares – e por todas as razões corretas. O ministro dos Recursos Naturais, Jim Carr, disse a respeito dos investimentos federais em madeira: “(Eles) levam às mais limpas práticas de construção e são mais sustentáveis. Ao mesmo tempo, promovem a criação de oportunidades de emprego no setor florestal. Ideias inovadoras e empreendedoras como estas são parte integrante de nossa luta contra as alterações climáticas.” O Canadá está pronto para um bom início na corrida para fazer edifícios de madeira mais altos. Para o bem da nossa indústria de produtos florestais, das mais de 200 comunidades canadenses cujas economias dependem dela, 237.000 funcionários e nosso ambiente, vamos esperar que cruzemos a linha de chegada o mais rápido possível. Derek Nighbor é CEO da Forest Products Association of Canada (Associação Canadense de Produtos Florestais); Michael J. Giroux é presidente do Canadian Wood Council (Conselho Canadense de Madeira); e Pierre Lapointe é presidente e CEO da FPInnovations.   Tradução: Maureen Bertol para o Portal Madeira e Construção

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