CRV: aproveitamento de madeira em empresas no Acre chega a 70%

Entidades apresentam estudo comprovando que rendimento de toras no estado é maior do que os 35% estabelecidos pelo Ibama. Por Sindusmad-AC. No Acre, uma pesquisa com 23 espécies de madeira serrada, realizada em quatro empresas do setor florestal do estado, a fim de definir seus respectivos Coeficientes de Rendimento Volumétrico (CRV), foi protocolada no Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac), na manhã dessa quinta-feira, 6 de abril. O levantamento foi uma iniciativa do Sindicato das Indústrias Madeireiras do Estado do Acre (Sindusmad), em parceria com a Universidade Federal do Acre (Ufac) e a Federação das Indústrias do Acre (FIEAC), com apoio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), do senador Jorge Viana e deputados federais Allan Rick, César Messias e Léo de Brito. A partir desta sexta-feira, 7 de abril, entra em vigor uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) para alteração do CRV no processo de desdobro da tora em madeira serrada para obtenção de produtos florestais, proposta pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente de Recursos Naturais Renováveis (Ibama), reduzindo dos atuais 45% para 35% o índice de aproveitamento. A presidente do Sindusmad e vice-presidente do Fórum Nacional das Atividades de Base Florestal (FNBF), Adelaide de Fátima Oliveira, afirmou que o objetivo do estudo é resgatar a importância das empresas do setor florestal e combater a clandestinidade. “Aqui, no Acre, chegamos a uma média de aproveitamento de 55,6%, sendo que tem madeira que chega a uma eficiência de 70%. A tora pode ser excelente, mas não poderei nem doar, porque não terei liberação do Sistema Documento de Origem Florestal (DOF) para isso, gerando desperdício e degradação ambiental”, completou a empresária. Após avaliação do Imac, o relatório será apresentado em conjunto ao Ibama e ao Ministério Público Estadual (MPE), e validado pelo Conselho Florestal Estadual do Acre (CFE-AC). Ao todo, foram seis meses de pesquisa, cujo objetivo foi atender a resolução do Conama nº 474/2016, que dispõe sobre procedimentos para inspeção de indústrias consumidoras ou transformadoras de produtos e subprodutos florestais madeireiros de origem nativa, bem como os respectivos padrões de nomenclatura e coeficientes de rendimento volumétricos, incluindo carvão vegetal e resíduos de serraria. Próximos passos Neste primeiro momento, o trabalho foi realizado nas empresas Fox Laminados, Indumag, Madeireira Triângulo e Martins & Rabelo. No entanto, de acordo com Fátima, será estendido às demais empresas a partir de junho. O supervisor de campo e estudante de engenharia florestal da Ufac, Paulo Parente, explicou que o relatório seguiu toda a metodologia proposta pela Resolução. “Fomos às indústrias e fizemos levantamentos de todas as toras que seriam desdobradas, a fim de calcular a média de rendimento. Após isso, todos os dados foram processados e, assim, produzido o material que está sendo entregue aqui no Imac”. O diretor-presidente do Imac, Paulo Viana, informou que o próximo passo será submeter o relatório a uma análise técnica a fim de verificar se poderá se adequar ao rendimento que está sendo proposto. “A resolução atual, que entra em vigor nesta sexta, prevê que de uma tora só pode ser aproveitado 35%. No entanto, o trabalho apresentado está elevando esse rendimento. Então, faremos uma análise se efetivamente poderemos adotar o rendimento volumétrico de toras que nos foi apresentado. Em seguida, esse estudo será encaminhado ao Ministério do Meio Ambiente”, finalizou.
Setor de base florestal aponta prejuízos e quer alterar resolução do Conama

Empresários do segmento de base florestal querem alteração na Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), que prevê a redução do Coeficiente de Rendimento Volumétrico (CRV) da madeira, a partir de abril. O assunto entrou na pauta da reunião realizada em Brasília, na última quinta-feira (9), entre lideranças da indústria nacional. O texto da Resolução do Conama nº 474/2016, que trata do Coeficiente de Rendimento Volumétrico (CRV), trata da redução do CRV em 10%, ao passar de 45% para 35%, expõe o presidente do Fórum Nacional de Base Florestal (FNBF), Geraldo Bento. A atualização inviabiliza os desdobramentos da madeira serrada em outros produtos florestais, complementa ele. Segundo Bento, o setor florestal realizou um estudo, a ser apresentado ao MMA e Ibama, que mostra os prejuízos causados ao segmento com a vigência da Resolução. “Inviabiliza economicamente o setor de base florestal”, reclama. O presidente do FNBF menciona que 400 indústrias de 3 estados (Mato Grosso, Acre e Pará) participaram do diagnóstico. O estudo comprova que os índices volumétricos são individuais, de acordo com a tecnologia empregada, mão de obra qualificada e investimentos. “O resultado aponta que o índice é superior a 55%, não tendo motivo para baixar a variação de 10% nas medidas finais dos produtos”, argumenta. Durante a reunião em Brasília, a vice-presidente do FNBF e presidente do Sindicato de Base Florestal do Acre, Adelaide de Fátima Gonçalves de Oliveira, chamou atenção para o problema da presença de madeira ilegal em volumes crescentes em todo o país. “A maior preocupação hoje é a concorrência desleal com o crescimento da ilegalidade daqueles com desvio de conduta, que não tem compromisso com o bom manejo, com a geração de emprego e renda”. Ao atuar na ilegalidade, é possível negociar a madeira com valor menor no mercado. Isso prejudica o empresário que contribui para o desenvolvimento social e econômico do país, que não conseguirá viabilizar seus produtos, afirma ela. “Para resolver essa situação o ideal seria que os órgãos fiscalizadores estudassem mais sobre os produtos florestais. Assim haveria menos madeira apreendida, já que muitas situações de carga retidas ocorrem por falta de conhecimento dos fiscais”. Fonte: Agronotícias MT