Setor florestal defende que alinhamento de agenda é único caminho para crescimento
Por Assessoria FNBF
Representantes dos Estados com potencial florestal se reuniram, durante a posse da nova diretoria do Fórum Nacional das Atividades de Base Florestal (FNBF), em Brasília, para discutir e estimular o alinhamento das agendas positivas no desenvolvimento da indústria florestal brasileira. Segundo o presidente eleito do FNBF, Geraldo Bento, o Fórum irá trabalhar para alinhar as ideias e buscar o incentivo e fomento para que o segmento possa modernizar a indústria de base florestal.
“Temos oferta de matéria-prima abundante, um mercado consumidor crescente a nível internacional das nossas madeiras, mas, infelizmente, nosso parque tecnológico está obsoleto e sem tecnologia para produção de novos produtos. Com a implementação e modernização dos Parques Industriais poderemos melhorar e produzir produtos que estão na linha do mercado consumidor”, destacou Bento.
O diretor do Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (Cipem), Gleison Tagliari, relatou a necessidade de um programa de conscientização para a utilização da madeira, sendo o produto o único com condições de manter a natureza, a floresta em pé e realizar o sequestro de carbono.
“Atingir o mercado consumidor e fomentar o mercado interno são alguns dos principais pontos de discussão das linhas de atuação do Fórum Florestal durante este ano. Isso se faz por meio de uma conscientização para maior utilização da madeira em todos os níveis de produção. Esse é um trabalho de valorização da madeira que deve ser realizado na ponta, junto aos arquitetos, demonstrando que hoje a madeira é um material economicamente viável e que menos produz degradação ambiental”, frisou Tagliari.
O presidente da Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira do Estado do Pará (Aimex), Carlos Roberto Vergueiro Pupo, afirmou que o setor padece por ter sua economia gerida por polícia ambiental. “A primeira obrigação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) é de Polícia Ambiental, então, não espera fomento da atividade econômica, até mesmo legislação sobre reflorestamento ou manejo florestal. Não podemos esperar um planejamento de agenda positiva com o Ibama, a política do órgão é de polícia não para o desenvolvimento da atividade florestal”, reforçou Pupo.
Segundo Ricardo Russo, especialista de conservação da WWF-Brasil – organização não governamental brasileira dedicada à conservação da natureza-, o desenvolvimento do setor florestal vai além da governança e marco legal, é necessário pensar em industrialização, modernização do parque industrial, adoção de novas tecnologias e capacitar desde o marceneiro até o especialista que faz o corte da madeira.
Russo ainda destacou que o caminho é investir na construção civil, trazer a indústria para a Amazônia Legal, pensar na colagem da madeira, material pré-fabricado, gerando bons produtos, maior produtividade, para que retornem com bons empregos e investimentos no local. “Com isso, mudar a realidade de um país exportador de matéria-prima e passar a industrializar e vender produtos prontos e acabados a grandes centros do país bem como fora do Brasil”, pontuou.
Mário Cardoso, especialista em Meio Ambiente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), indicou que o setor tem grande potencial para alinhar suas bases de produção para o desenvolvimento da indústria. “O grande desafio hoje é agregar valor à madeira, o Brasil tem um ativo muito importante e estratégico no país, que está sendo visto pelo mundo, a Amazônia. E precisamos aproveitar e otimizar ao máximo o rendimento do produto retirado da floresta, com o processo já realizado e reconhecido pelas autoridades competentes – Manejo Florestal Sustentável.
Ele afirmou ainda que a CNI irá utilizar a sua base de representatividade para alinhar os setores produtivos. “Queremos colocar em contato aqueles que exercem a colheita e produção da madeira com os que possam dar destino ao produto retirado da floresta, como construção civil, móveis e imobiliários” concluiu Cardoso.