“Manejo florestal não impacta floresta” avalia pesquisador da Embrapa
Espécies encontradas em abundância em MT e demais Estados, estão na lista de extinção aponta estudo
Oziane Rodrigues – Assessoria FNBF
Formalmente o número de espécies madeireiras ameaçadas de extinção aumentou. Após a publicação da Portaria nº 443/2014, já se somam cerca de 57 espécies. Entretanto, segundo estudiosos, no texto estão inclusas espécies abundantes no Estado de Mato Grosso, e em demais estados brasileiros que são fundamentais para a economia.
O pesquisador Evaldo Muñoz Braz, da Embrapa Florestas, explicou, em palestras na Confederação Nacional da Indústria (CNI), dia 19/abril/2016 e na SEMA-MT dia 4/maio/2016, que o equívoco foi detectado por meio de relatório, análises e pesquisas que estão sendo realizadas na região. A exemplo cita a espécie Apuleia Leiocarpa (Vogel) J.F. Macbr. (Garapeira), esta espécie é encontrada em abastança na floresta, mesmo assim conta na lista como ameaçada de extinção.
Para Muñoz Braz, a ambiguidade na apreciação do Livro Vermelho (base para a inclusão das espécies na lista), se deu pela não consideração dos trabalhos estudos de Universidades e instituições de pesquisas realizados na Amazônia.
“O Livro Vermelho, aparentemente não teria levado em consideração a metodologia de avaliação prevista pela União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), sendo os critérios básicos estabelecidos internacionalmente mediante “(…)artigos científicos, dados de museu, relatórios, dados de estatísticas de produção(…)” pontuou o pesquisador.
Além disso, Evaldo, destaca que as amostragens realizadas mediante análises de planos de manejo aprovados e novos inventários (incluindo regeneração) não corroboram com as afirmações do Livro Vermelho quando se refere que as extrações oriundas do manejo teriam provocado deterioração nas estruturas (povoamentos) das espécies avaliadas.
Para José Eduardo Pinto, presidente do Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso ( Cipem), tais estudos comprovam a eficácia do manejo florestal sustentável, pois as florestas possuem mais árvores do que o indicado a 35 anos atrás. “É evidente que as áreas de floresta do estado de Mato Grosso, passíveis de manejo, não alteraram sua estrutura. Isto motiva-se pelo fato que “o manejo florestal não reduz áreas de ocupação de espécies, ele trabalha na manutenção da floresta mantendo-a mais produtiva e saudável” pontua.
Complementando a fala, Geraldo Bento, presidente do Fórum Nacional das Atividades de Base florestal (FNBF), explicou que para a Embrapa, sem o manejo as florestas super-estocadas se tornam velhas e menos produtivas, inviabilizando o incremento e deteriorando a regeneração dessa floresta. “Os estudos comprovaram que a extração do manejo atinge apenas de 11 a 33% das árvores, restando em média mais de 80% da estrutura original, além de plântulas e banco de sementes. A redução é na estrutura vertical e não há redução de área da espécie. Dessa forma o manejo é a única atividade que garante a manutenção da cobertura florestal e, portanto, deveria ser estimulado pelas instituições responsáveis pelas florestas”, concluiu.
Na mesma linha, Muñoz informou que a Embrapa Florestas, está estudando as florestas do Estado do Mato Grosso, considerando além de parcelas permanentes, o uso de dendrocronologia para a determinação de diâmetros ideais de corte para as espécies comerciais. Assim, já se tem identificado com precisão o padrão de crescimento de espécies comercias da região, fundamental para seu correto manejo.
“Hoje, dispomos de um arsenal tecnológico para elaboração de um manejo de precisão como por exemplo o processo por Modelo Digital de Exploração Florestal (Modeflora) que é baseado em georeferenciamento, no qual considera o manejo com baixo dano a estrutura remanescente; ciclos diferenciados para sub-talhões; taxas de extração diferenciadas; diâmetros ideias de corte; melhor incremento das espécies comercias entre outros. Mas isto só será possível com a modernização e abertura da legislação. Por outro lado, existem metodologias mais sólidas para identificar raridade de espécies, como a apresentada por Rabinowitz et al. (1986)”.
Veja link com ponderações pontuadas na matéria:
http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/39882/1/CT279.pdf